A pobreza não acontece de repente, vai corroendo a vida devagarinho
Esta semana, o Eurostat contou 2,7 milhões de portugueses em risco de pobreza e exclusão social. As instituições que oferecem comida e abrigo estão lotadas. Sem prevenção, e com as redes familiares perto de rebentar, as histórias que hoje aqui contamos podem multiplicar-se por milhares.
Para efeitos estatísticos, Maria, Vítor, Alberto estavam acima da linha de pobreza não há muito tempo. Trabalhavam, tinham casa - do banco ou do senhorio, mas ainda assim - e o que ganhavam chegava para manter os filhos na escola e comer a horas certas. Com o agudizar da crise, Maria entregou a casa ao banco, Vítor viu-se atirado para um albergue, Alberto passou os últimos dois meses num edifício abandonado depois de outros tantos a dormir na rua.
Têm histórias que, somadas, ilustram o modo como a pobreza vai corroendo devagarinho a vida de cada um, até que, na sua versão mais dura, os atira para a situação de carência e de exclusão social em que se encontram. Não estão sozinhos. Esta semana, o Eurostat contou 2,7 milhões de portugueses, ou seja, 25,3% da população, em risco de pobreza e exclusão social.
Ao fim de um ano que, como 2011, acabou com um total de 670.637 famílias que não conseguem pagar as prestações dos seus empréstimos, muitos mais se lhes juntarão. As instituições que oferecem comida e abrigo estão lotadas. A maioria diz-se obrigada a recusar um tecto a quem lhes bate à porta. "Todos os dias recusamos abrigo a duas ou três pessoas", conta Cláudia Silva, do Centro de Acolhimento do Beato, em Lisboa, numa ladainha que se vai repetindo em todas as instituições do género. A pobreza, apontam, tem várias fases. As pessoas perdem o emprego, a casa, esgotam a ajuda da família e dos amigos e, quando nada é feito, "ao fim de dois ou três anos chegam ao fim da linha, à rua", como diz Ana Martins, da Assistência Médica Internacional.
Na Santa Casa da Misericórdia do Porto, por exemplo, a necessidade de apoio atinge os próprios funcionários, o que levou a instituição a criar um fundo especial de 150 mil euros. "Para pagar a renda de casa atrasada, ou ajudar no pagamento das propinas dos filhos, a ajuda é depois descontada no salário, de forma gradual e obviamente sem juros", explica o provedor, António Tavares.
Para o investigador Carlos Farinha Rodrigues, especialista em questões de pobreza, "é evidente que esta crise vai colocar em sérios riscos aqueles que estavam marginalmente acima da linha de pobreza". Com as redes familiares perto de rebentar, o investigador diz que Portugal precisa com urgência de indicadores de alerta sobre as situações de precariedade e pobreza. Sem prevenção, as histórias que se seguem multiplicar-se-ão por centenas e milhares.
Têm histórias que, somadas, ilustram o modo como a pobreza vai corroendo devagarinho a vida de cada um, até que, na sua versão mais dura, os atira para a situação de carência e de exclusão social em que se encontram. Não estão sozinhos. Esta semana, o Eurostat contou 2,7 milhões de portugueses, ou seja, 25,3% da população, em risco de pobreza e exclusão social.
Ao fim de um ano que, como 2011, acabou com um total de 670.637 famílias que não conseguem pagar as prestações dos seus empréstimos, muitos mais se lhes juntarão. As instituições que oferecem comida e abrigo estão lotadas. A maioria diz-se obrigada a recusar um tecto a quem lhes bate à porta. "Todos os dias recusamos abrigo a duas ou três pessoas", conta Cláudia Silva, do Centro de Acolhimento do Beato, em Lisboa, numa ladainha que se vai repetindo em todas as instituições do género. A pobreza, apontam, tem várias fases. As pessoas perdem o emprego, a casa, esgotam a ajuda da família e dos amigos e, quando nada é feito, "ao fim de dois ou três anos chegam ao fim da linha, à rua", como diz Ana Martins, da Assistência Médica Internacional.
Na Santa Casa da Misericórdia do Porto, por exemplo, a necessidade de apoio atinge os próprios funcionários, o que levou a instituição a criar um fundo especial de 150 mil euros. "Para pagar a renda de casa atrasada, ou ajudar no pagamento das propinas dos filhos, a ajuda é depois descontada no salário, de forma gradual e obviamente sem juros", explica o provedor, António Tavares.
Para o investigador Carlos Farinha Rodrigues, especialista em questões de pobreza, "é evidente que esta crise vai colocar em sérios riscos aqueles que estavam marginalmente acima da linha de pobreza". Com as redes familiares perto de rebentar, o investigador diz que Portugal precisa com urgência de indicadores de alerta sobre as situações de precariedade e pobreza. Sem prevenção, as histórias que se seguem multiplicar-se-ão por centenas e milhares.
Fonte: Jornal Público
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