5.11.10

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Quer levar uma bofetada de um homem sem braços? (vídeo)
Tiago Mesquita (www.expresso.pt)
8:00 Sexta feira, 5 de Novembro de 2010

"Depois de ver este vídeo a bofetada que levamos é tal que os nossos queixumes, muitas vezes mesquinhos e imbecis, só nos deviam envergonhar. Um exemplo, sem dúvida. Veja.

Somos o país dos queixumes. Os bebés quando nascem em Portugal choram com mais força. Alguns não pedem de imediato o livro de reclamações na sala de partos porque felizmente ainda não conseguem falar. "Quem não chora não mama". E como a grande maioria quer mamar sem fazer nenhum prefere passar grande parte dos seus dias a reclamar de tudo.

Dói-me aqui, estou flácido, ando mais gorda, a minha sogra faz-me a vida negra, o meu filho é gay, o meu vizinho cheira mal da boca e rouba-me a La Redoute, este padre é pior do que o antigo, o outro é que era bom. Tens mais batatas do que eu, esta cozinheira não me grama. O meu patrão é atrasado mental. "Porque é que estas coisas só me acontecem a mim?"

Se em Portugal entrar numa sala um só individuo e disser que tem um problema, levantam-se logo 30 e de imediato se chega á conclusão que é preciso criar uma associação para ajudar estas 31 pessoas que coitadinhas, têm todas, muitos problemas. Depois verifica-se através de um estudo que afinal há muitos mais pessoas com o mesmo problema, e nasce uma linha de apoio. E lá vão 10 mil fazer a meia-maratona do problema X num domingo qualquer.

O problema é que muitas vezes os problemas que dizemos ter não são verdadeiros problemas. Nós é que somos o problema. Nós é que o criamos. Por inércia. Porque não o queremos combater, ou "não conseguimos". Porque não sabemos lidar com ele. E se ele desaparecer? Depois do que nos vamos queixar? Teríamos de arranjar um novo problema, e isso seria outro problema a resolver. No fundo não sabemos viver sem problemas. E depois, quando nos defrontamos com um verdadeiro problema, enfim, é um problema.

Veja o vídeo. Um exemplo de coragem. Obviamente que todos temos problemas, mas nem sempre são o que parecem, ou aquilo que queremos fazer parecer. Olhamos pouco para o lado. Acho que devíamos todos aprender a relativizar.


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