Que as famílias portuguesas estão sobreendividadas temos conhecimento. Aliás, estamos avisados: gastamos mais do que aquilo que temos. Não são raras as notícias dando conta de inúmeros créditos malparados, de vidas estagnadas ou, pior, completamente asfixiadas pela sobrevivência financeira. Parece então ser quase inexplicável que os anúncios ao crédito continuem a ocupar em grande parte os espaços publicitários, das ruas aos meios de comunicação. O que propõe Muitos Dias Tem o Mês é um olhar sobre um conjunto de famílias sobreendividadas, tentando perceber que mecanismos de aquisição de crédito acabaram por os aprisionar numa espiral infindável de empréstimos para pagar empréstimos. O recurso a estes empréstimos vulgarizou-se e o consumo democratizou-se. No entanto, tudo tem um preço. É difícil ser-se mais contemporâneo que isto: os portugueses têm vida a crédito, o país parece estar à venda. Qual é o preço das nossas necessidades?
17.6.10
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