16.10.12

Reflexão de notícias # 33

"Se as IPSS da Igreja fechassem portas por um dia o país parava"

Director da Pastoral Sócio-caritativa do Patriarcado de Lisboa não tem dúvidas de que as Instituições Particulares de Solidariedade Social ligadas à Igreja são a âncora de muitas famílias. Mas também precisam de ajuda e, por isso, apela à generosidade.

O Cónego Francisco Crespo está preocupado com a crise e com o desemprego, que considera uma "chaga" nacional. ÀRenascença assegura que se não fosse a Igreja e as IPSS a situação seria ainda pior. "Não era preciso fazer greve, bastava não abrirmos portas um dia e o país parava". 

Com jardins de infância, centros de dia e lares para idosos ou deficientes, as Instituições Particulares de Solidariedade Social dão a resposta que o Estado não tem, nem apoia devidamente: "fazemos mais, melhor e mais barato. Ninguém faz como nós. O Estado devia dar 75% de apoio, só dá 30 ou 35%". 

À frente do Centro Social Paroquial de S. Vicente de Paulo há mais de 30 anos, o cónego Francisco Crespo fala em "milagres diários" para manter todas as valências a funcionar, e conseguir acudir a quem pede ajuda: "sei que ao final do mês todos têm o seu ordenado e que quem vem tem sempre refeição". E acrescenta "temos aqui muita gente que se não trabalhasse connosco não tinha meios de subsistência". 

O centro tem 170 funcionários e 700 utentes, divididos pela creche e jardim de infância, lar e centro de dia para idosos e deficientes adultos. Serve os bairros da Liberdade e da Serafina, e a freguesia de Campolide, mas há sempre pedidos a chegar: "no lar temos capaciade para 120 idosos dependentes, mas temos sempre pedidos de hospistais, de particulares, de colegas de outras paróquias". 

"Igreja Solidária" precisa de ajuda 
No âmbito da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa, que também dirige, foi criado há três anos o projecto "Igreja Solidária" para dar resposta às situações graves de carência. 

Os pedidos são enviados pelas paróquias ou pelo centros sociais paroquiais. Todos são analisados, mas já só podem dar resposta a alguns: "chegam, por hipótese, 30 ou 40 por mês, mas só podemos responder a 10, os que são mais graves, como situações de despejo, famílias que não têm dinheiro para pagar a água ou a luz ou têm crianças a cargo que lhes podem ser retiradas". 

Desde 2009 o "Igreja Solidária" já distribuiu cerca de 400 mil euros de apoio, mas o saldo actual ronda os 57 mil euros. Faltam mecenas e os donativos são cada vez menos, o que leva o Cónego Francisco Crespo a apelar à ajuda dos cristãos: "não é só vir à igreja, fazer boa liturgia, vir à catequese. Há a prática da caridade que faz parte do tripé da Igreja". 

Fonte: Rádio Renascença

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